Follow Rodolfo França!
Linkedin: https://www.linkedin.com/in/rodolfofranca/
Facebook: https://www.facebook.com/rodox
Instagram: https://instagram.com/rodolfo_franca/Behance: https://www.behance.net/rodox
Rodolfo, você é formado em Publicidade e Propaganda pela FAAP,
como acabou indo para o Design Editorial?
Puxa, minha trajetória profissional é cheia de pequenos eventos e coincidências, onde uma coisa leva à outra e vice-versa. Sempre gostei de quadrinhos e revistas, mas nunca me imaginei fazendo revistas. Na verdade, quando criança/adolescente, nem imaginava que alguém tinha que layoutar as páginas... Eu achava que era tudo automático, tal qual pensa minha avó até hoje. (Não, eu ainda não consegui explicar para ela o que eu faço no trabalho). Eu comecei minha carreira no design editorial na Editora Abril, ao ingressar na equipe que seria responsável pelo retorno da revista BIZZ ao mercado. Ainda durante a faculdade, eu já trabalhava como assistente de arte em uma agência de promoção e incentivo e nessa agência eu conheci o designer/diretor de arte Gustavo Soares, que acabou trocando a agência pela Abril e me convidou para ser seu assistente na BIZZ. Na Editora Abril, me apaixonei por revistas. Me encantei com a possibilidade de ajudar os repórteres e editores à contar as reportagens e histórias. Mas por não ter formação em design, resolvi estudar por conta própria e me aprofundar no assunto. Fui descobrindo as principais escolas de design, os designers mais relevantes e nunca mais parei. Estou sempre buscando mais informação sobre design.
Você participou de dois projetos de redesign, em 2012 na Revista Vida Simples e recentemente na L'Officiel. Como é fazer parte de um redesign de revista e qual a importância de mudar o projeto gráfico de uma publicação hoje em dia?
Na verdade, ao longo dos anos, participei de outros projetos também (dois redesigns da revista BIZZ, um redesign da revista Época São Paulo, o primeiro projeto gráfico da GQ Brasil) mas Vida Simples (2012) e L'Officiel (2014) foram os primeiros projetos de minha inteira responsabilidade. E mudar a cara de uma revista é uma responsabilidade enorme! Principalmente hoje em dia, onde temos que pensar na versão impressa da revista e também em sua versão para tablets, para mobile, para web e para os demais desdobramentos do título (produtos licenciados, eventos, edições especiais, etc...)
Puxa, minha trajetória profissional é cheia de pequenos eventos e coincidências, onde uma coisa leva à outra e vice-versa. Sempre gostei de quadrinhos e revistas, mas nunca me imaginei fazendo revistas. Na verdade, quando criança/adolescente, nem imaginava que alguém tinha que layoutar as páginas... Eu achava que era tudo automático, tal qual pensa minha avó até hoje. (Não, eu ainda não consegui explicar para ela o que eu faço no trabalho). Eu comecei minha carreira no design editorial na Editora Abril, ao ingressar na equipe que seria responsável pelo retorno da revista BIZZ ao mercado. Ainda durante a faculdade, eu já trabalhava como assistente de arte em uma agência de promoção e incentivo e nessa agência eu conheci o designer/diretor de arte Gustavo Soares, que acabou trocando a agência pela Abril e me convidou para ser seu assistente na BIZZ. Na Editora Abril, me apaixonei por revistas. Me encantei com a possibilidade de ajudar os repórteres e editores à contar as reportagens e histórias. Mas por não ter formação em design, resolvi estudar por conta própria e me aprofundar no assunto. Fui descobrindo as principais escolas de design, os designers mais relevantes e nunca mais parei. Estou sempre buscando mais informação sobre design.
Você participou de dois projetos de redesign, em 2012 na Revista Vida Simples e recentemente na L'Officiel. Como é fazer parte de um redesign de revista e qual a importância de mudar o projeto gráfico de uma publicação hoje em dia?
Na verdade, ao longo dos anos, participei de outros projetos também (dois redesigns da revista BIZZ, um redesign da revista Época São Paulo, o primeiro projeto gráfico da GQ Brasil) mas Vida Simples (2012) e L'Officiel (2014) foram os primeiros projetos de minha inteira responsabilidade. E mudar a cara de uma revista é uma responsabilidade enorme! Principalmente hoje em dia, onde temos que pensar na versão impressa da revista e também em sua versão para tablets, para mobile, para web e para os demais desdobramentos do título (produtos licenciados, eventos, edições especiais, etc...)
Toda mudança é traumática e na minha opinião uma mudança de projeto gráfico só deve ser cogitada se for acompanhada de uma mudança de projeto editorial. Ou seja, uma mudança no jeito de entregar o conteúdo ao leitor. Tanto na linguagem escrita, como na linguagem visual. Ao longo dos anos, percebi que muita gente acha que redesign é trocar a tipografia display da revista. Não é. Redesign é repensar a revista como um todo. Cogitar troca da linguagem fotográfica, cogitar manter ou não uma seção fixa da revista, mudar o estilo das ilustrações, repensar o jeito de trabalhar com infografia, mudar a estrutura/template da capa, cogitar mudar a ordem das páginas no espelho da revista e claro, também cogitar uma mudança tipográfica. É uma reforma completa e não apenas uma troca de cor de parede.
Dentre as medalhas de excelência que ganhou da SND (Society for News Design), o que mais me chamou a atenção foi ser o único brasileiro finalista do SPD, a premiação da Society of Publication Designers, por 2 anos consecutivos. Em 2014, finalista pela Vida Simples e neste ano, pela Bons Fluidos. O Brasil só ganhou medalhas três vezes em 50 anos de SPD, conta pra gente como é a sensação de ganhar esse reconhecimento.
Chegar no mesmo patamar do mercado americano e europeu, sabendo que na maioria das vezes não temos as mesmas condições técnicas e ser reconhecido por isso é incrível. É gratificante demais! Faz todo o sacrifício diário, todas as noites mal dormidas valerem a pena. E me motiva a querer sempre mais. Não é porque não tenho uma equipe gigante ou milhares de dólares para produzir um ensaio fotográfico que não conseguirei produzir um conteúdo incrível e surpreendente para meu leitor.
Como é seu processo de criação e quais são suas referências?
Meu processo de criação é muito baseado no tempo que eu tenho para entregar um trabalho, seja ele uma capa de revista, uma layout de matéria de oito páginas ou página picada de seção. E ele é super inspirado nas bases do design thinking, onde a coisa é dividida mais ou menos em quatro etapas: inspiração, ideação, produção e finalização. No momento da inspiração, eu mergulho nos meus livros, nas minhas revistas, nas minhas pastas de referência, nos meus links favoritados... Quando "canso" de ver referência eu paro para ter ideias. No primeiro momento, sento com um caderninho e uma caneta e vou vomitando ideias. Tiro tudo do meu corpo até cansar. Dai parto pro segundo momento, onde vou relaxar. Volto pra casa e assisto um filme, vou andar de bicicleta, vou namorar. Deixo tudo descansando por algum tempo, até voltar pro caderninho e ver o que realmente presta. E a partir dali, dessa seleção dos melhores, evoluir algumas ideias e partir para a produção, onde levo as ideias para o computador, esboços layouts no inDesign e monto um primeiro rafe da coisa. E daí parto para eventuais aprovações com direção ou cliente, para partir para a finalização, seja ela uma produção fotográfica, um briefing de ilustração, uma montagem de Photoshop. E não tem jeito, terei que cair no clichê do "tudo é referência". E é mesmo. Um anúncio no metrô, um video do youtube, um flyer de festa... Qualquer coisa pode te influenciar e te dar uma ideia. Eu sou muito apegado ao material, ao trabalho impresso mas muitas das minhas referências vem do cinema e dos comerciais de publicidade. E sou daqueles cata-lixo que guardam tudo. Não posso ver um papelzinho bem desenhado que já quero levar pra casa e guardar.
Quais são suas revistas preferidas e aquelas que pra você tem o melhor projeto gráfico?
Puxa, essa pergunta é complicada. Como revistas são seres vivos, elas tem fases. As vezes estão com um projeto incrível, as vezes um projeto mais ou menos. Dependem de quem está dirigindo a arte/design e dependem do contexto histórico, tanto de quem faz e de quem lê. Minhas três grandes influências são americanas: Wired, GQ e Popular Mechanics. São as revistas que mais me surpreenderam nos últimos 10 anos. As que mais me emocionaram e mais me ensinaram sobre design de revistas. A Wired pela excelência no storytelling - uma das revistas que mais dá voz ao design, que deixa o designer contar a história junto com o autor do texto), a GQ pela excelência na fotografia (conduzindo a narrativa visual) e a Popular Mechanics pela excelência na micro-edição (no capricho com cada detalhe, por menor que seja). Mas hoje, minha revista favorita é a Chick Pea. Ela é uma revista independente americana de gastronomia vegana! O texto, as fotos e o design todo é feito por uma designer multi-talentosa. A revista é linda e eu super recomendo a apreciação.
Como diretor de arte, na sua opinião, quais são os elementos fundamentais na criação de uma boa página?
O fundamental é pensar em quem vai ler a página. O foco deve ser sempre a comunicação. O designer precisa ajudar a contar a história e nunca atrapalhar. Então a escolha dos elementos deve levar em conta a real necessidade de cada coisa, de cada elemento. A página precisa ser atraente, precisa chamar à atenção do leitor. Não tem receita, nem fórmula. Eu procuro sempre dar opção ao leitor. Gosto de dar à ele diferentes entradas de leitura. Nem sempre o leitor vai começar a ler o texto pelo título ou pelo primeiro parágrafo. Às vezes ele se interessa pelo assunto pela legenda da foto, pela aspas do entrevistado, pelo nome do livro no pé da matéria... Tudo é relevante! E deve-se ter o mesmo cuidado e capricho com todos esses pequenos detalhes.
E quais são pra você os piores erros de diagramação?
Justamente o oposto da resposta anterior! Não pensar no leitor, não pensar em quem vai pegar na mão e ler aquela página. Esse é o pior erro. E é o erro que dá brecha para todos os outros: exagerar na quantidade de elementos, exagerar no uso das cores, exagerar no uso do espaço, na largura das margens, no tamanho da tipografia...
O que você acha que um designer precisa ter para se destacar e ter sucesso na área editorial?
Precisa ter olhar crítico. Precisa ter repertório. Precisa ter referência. Precisa ter perseverança. Precisa se informar. Precisa ter opinião. E precisa gostar do que faz.
Em quem você se inspira no universo do Design Gráfico?
Agora é hora de falar dos grandes ídolos, né? Vamos lá: Milton Glaser, Seymour Chwast e o povo do Pushpin Studios, Paul Rand, Saul Bass, Alexandre Wollner, Aloísio Magalhães, David Carson, Paula Scher, Neville Brody, Stefan Sagmeister... E um cara que eu acho bem injustiçado e nunca é lembrado nas listas de top 10 designers gráficos: Jan Tschichold. Já no design de revistas, lá fora eu acompanho de perto o trabalho do David Moretti (ex-Rolling Stones e Wired Itália, atual diretor de criação adjunto da Wired americana), do Matt Willey (co-fundador da revista Port, responsável pelos primeiros projeto gráfico da Elephant, atual diretor de arte da revista dominical do New York Times), do Michael Lawton (ex-diretor de design da Popular Mechanics, atual diretor de design da Fortune), do Fred Woodward (ex-diretor de design da Rolling Stone americana, atual diretor de design da GQ americana), do Carl de Torres (ex-diretor de arte da Wired, atual sócio do estúdio CDGD), do Robert Priest (atual sócio do estúdio Priest+Grace, editor da revista americana de futebol 8by8), do Tim Leong (atual diretor de design da Entertainment Weekly, ex-diretor de design da Fortune, ex-diretor de arte da Wired, da Complex) e por último, sem esquecer do mestre dos mestres, George Lois (publicitário, ex-diretor de criação da Esquire americana). No Brasil, eu tive o prazer de acompanhar de perto o trabalho do Alceu Nunes (ex-diretor de arte das revistas Capricho, Superinteressante e VIP), do Saulo Ribas (ex-diretor de criação da Editora Globo, ex-diretor de arte das revistas Terra e Playboy), do Rodrigo Maroja (ex-diretor de arte da Info, da Placar, da Runner'sWorld), do Crystian Cruz (ex-diretor de arte da Placar, da Info, da GQ Brasil), do Bruno D'Angelo (ex-diretor de arte da revista Terra, da Quatro Rodas). Também não posso esquecer de citar meu teórico favorito: Jan V. White. Ele é autor e publicou o que pra mim (e pra muita gente, te garanto) é a bíblia do design de revistas. Além do "Edição em Revistas", ele publicou outros livros de design e como era um entusiasta do "domínio público", disponibilizou gratuitamente grande parte deles. O site é o http://www.janvwhite.org.
E pra finalizar... o mercado impresso vive uma fase muito delicada e confusa, muitas revistas descontinuando e editoras mandando muitos funcionários embora, porém, em contrapartida, as revistas que sobrevivem parecem que estão cada vez mais preocupadas com o design, conteúdo, inovação tanto em aspectos materiais como de comunicação com o público. Como você vê esse cenário hoje e no futuro?
Puxa, eu fico muito triste com tudo isso que tem acontecido no mercado de revistas. Infelizmente, acho que as grandes editoras não souberam se adaptar à chegada da Internet e ao invés de abraçar, elas se afastaram do digital e agora estão/estamos pagando o preço por isso. Hoje, consumimos conteúdo sem nos prendermos à mídia. Você pode começar a ler um texto numa revista impressa deitado na cama, continuar no tablet enquanto toma café da manhã, passar pro celular enquanto está em trânsito e terminar de ler na tela do seu computador, no trabalho. E olha que ainda tem iWatch, Óculus Rift por aí... Nesse cenário todo, acho que só o bom conteúdo se salvará. E hoje, mais do que nunca, conteúdo é forma e forma é conteúdo. Daí a importância do design. O designer será cada vez mais ativo no processo de criação de conteúdo, independente da mídia. O conteúdo é a mensagem.
Dentre as medalhas de excelência que ganhou da SND (Society for News Design), o que mais me chamou a atenção foi ser o único brasileiro finalista do SPD, a premiação da Society of Publication Designers, por 2 anos consecutivos. Em 2014, finalista pela Vida Simples e neste ano, pela Bons Fluidos. O Brasil só ganhou medalhas três vezes em 50 anos de SPD, conta pra gente como é a sensação de ganhar esse reconhecimento.
Chegar no mesmo patamar do mercado americano e europeu, sabendo que na maioria das vezes não temos as mesmas condições técnicas e ser reconhecido por isso é incrível. É gratificante demais! Faz todo o sacrifício diário, todas as noites mal dormidas valerem a pena. E me motiva a querer sempre mais. Não é porque não tenho uma equipe gigante ou milhares de dólares para produzir um ensaio fotográfico que não conseguirei produzir um conteúdo incrível e surpreendente para meu leitor.
Como é seu processo de criação e quais são suas referências?
Meu processo de criação é muito baseado no tempo que eu tenho para entregar um trabalho, seja ele uma capa de revista, uma layout de matéria de oito páginas ou página picada de seção. E ele é super inspirado nas bases do design thinking, onde a coisa é dividida mais ou menos em quatro etapas: inspiração, ideação, produção e finalização. No momento da inspiração, eu mergulho nos meus livros, nas minhas revistas, nas minhas pastas de referência, nos meus links favoritados... Quando "canso" de ver referência eu paro para ter ideias. No primeiro momento, sento com um caderninho e uma caneta e vou vomitando ideias. Tiro tudo do meu corpo até cansar. Dai parto pro segundo momento, onde vou relaxar. Volto pra casa e assisto um filme, vou andar de bicicleta, vou namorar. Deixo tudo descansando por algum tempo, até voltar pro caderninho e ver o que realmente presta. E a partir dali, dessa seleção dos melhores, evoluir algumas ideias e partir para a produção, onde levo as ideias para o computador, esboços layouts no inDesign e monto um primeiro rafe da coisa. E daí parto para eventuais aprovações com direção ou cliente, para partir para a finalização, seja ela uma produção fotográfica, um briefing de ilustração, uma montagem de Photoshop. E não tem jeito, terei que cair no clichê do "tudo é referência". E é mesmo. Um anúncio no metrô, um video do youtube, um flyer de festa... Qualquer coisa pode te influenciar e te dar uma ideia. Eu sou muito apegado ao material, ao trabalho impresso mas muitas das minhas referências vem do cinema e dos comerciais de publicidade. E sou daqueles cata-lixo que guardam tudo. Não posso ver um papelzinho bem desenhado que já quero levar pra casa e guardar.
Quais são suas revistas preferidas e aquelas que pra você tem o melhor projeto gráfico?
Puxa, essa pergunta é complicada. Como revistas são seres vivos, elas tem fases. As vezes estão com um projeto incrível, as vezes um projeto mais ou menos. Dependem de quem está dirigindo a arte/design e dependem do contexto histórico, tanto de quem faz e de quem lê. Minhas três grandes influências são americanas: Wired, GQ e Popular Mechanics. São as revistas que mais me surpreenderam nos últimos 10 anos. As que mais me emocionaram e mais me ensinaram sobre design de revistas. A Wired pela excelência no storytelling - uma das revistas que mais dá voz ao design, que deixa o designer contar a história junto com o autor do texto), a GQ pela excelência na fotografia (conduzindo a narrativa visual) e a Popular Mechanics pela excelência na micro-edição (no capricho com cada detalhe, por menor que seja). Mas hoje, minha revista favorita é a Chick Pea. Ela é uma revista independente americana de gastronomia vegana! O texto, as fotos e o design todo é feito por uma designer multi-talentosa. A revista é linda e eu super recomendo a apreciação.
Como diretor de arte, na sua opinião, quais são os elementos fundamentais na criação de uma boa página?
O fundamental é pensar em quem vai ler a página. O foco deve ser sempre a comunicação. O designer precisa ajudar a contar a história e nunca atrapalhar. Então a escolha dos elementos deve levar em conta a real necessidade de cada coisa, de cada elemento. A página precisa ser atraente, precisa chamar à atenção do leitor. Não tem receita, nem fórmula. Eu procuro sempre dar opção ao leitor. Gosto de dar à ele diferentes entradas de leitura. Nem sempre o leitor vai começar a ler o texto pelo título ou pelo primeiro parágrafo. Às vezes ele se interessa pelo assunto pela legenda da foto, pela aspas do entrevistado, pelo nome do livro no pé da matéria... Tudo é relevante! E deve-se ter o mesmo cuidado e capricho com todos esses pequenos detalhes.
E quais são pra você os piores erros de diagramação?
Justamente o oposto da resposta anterior! Não pensar no leitor, não pensar em quem vai pegar na mão e ler aquela página. Esse é o pior erro. E é o erro que dá brecha para todos os outros: exagerar na quantidade de elementos, exagerar no uso das cores, exagerar no uso do espaço, na largura das margens, no tamanho da tipografia...
O que você acha que um designer precisa ter para se destacar e ter sucesso na área editorial?
Precisa ter olhar crítico. Precisa ter repertório. Precisa ter referência. Precisa ter perseverança. Precisa se informar. Precisa ter opinião. E precisa gostar do que faz.
Em quem você se inspira no universo do Design Gráfico?
Agora é hora de falar dos grandes ídolos, né? Vamos lá: Milton Glaser, Seymour Chwast e o povo do Pushpin Studios, Paul Rand, Saul Bass, Alexandre Wollner, Aloísio Magalhães, David Carson, Paula Scher, Neville Brody, Stefan Sagmeister... E um cara que eu acho bem injustiçado e nunca é lembrado nas listas de top 10 designers gráficos: Jan Tschichold. Já no design de revistas, lá fora eu acompanho de perto o trabalho do David Moretti (ex-Rolling Stones e Wired Itália, atual diretor de criação adjunto da Wired americana), do Matt Willey (co-fundador da revista Port, responsável pelos primeiros projeto gráfico da Elephant, atual diretor de arte da revista dominical do New York Times), do Michael Lawton (ex-diretor de design da Popular Mechanics, atual diretor de design da Fortune), do Fred Woodward (ex-diretor de design da Rolling Stone americana, atual diretor de design da GQ americana), do Carl de Torres (ex-diretor de arte da Wired, atual sócio do estúdio CDGD), do Robert Priest (atual sócio do estúdio Priest+Grace, editor da revista americana de futebol 8by8), do Tim Leong (atual diretor de design da Entertainment Weekly, ex-diretor de design da Fortune, ex-diretor de arte da Wired, da Complex) e por último, sem esquecer do mestre dos mestres, George Lois (publicitário, ex-diretor de criação da Esquire americana). No Brasil, eu tive o prazer de acompanhar de perto o trabalho do Alceu Nunes (ex-diretor de arte das revistas Capricho, Superinteressante e VIP), do Saulo Ribas (ex-diretor de criação da Editora Globo, ex-diretor de arte das revistas Terra e Playboy), do Rodrigo Maroja (ex-diretor de arte da Info, da Placar, da Runner'sWorld), do Crystian Cruz (ex-diretor de arte da Placar, da Info, da GQ Brasil), do Bruno D'Angelo (ex-diretor de arte da revista Terra, da Quatro Rodas). Também não posso esquecer de citar meu teórico favorito: Jan V. White. Ele é autor e publicou o que pra mim (e pra muita gente, te garanto) é a bíblia do design de revistas. Além do "Edição em Revistas", ele publicou outros livros de design e como era um entusiasta do "domínio público", disponibilizou gratuitamente grande parte deles. O site é o http://www.janvwhite.org.
E pra finalizar... o mercado impresso vive uma fase muito delicada e confusa, muitas revistas descontinuando e editoras mandando muitos funcionários embora, porém, em contrapartida, as revistas que sobrevivem parecem que estão cada vez mais preocupadas com o design, conteúdo, inovação tanto em aspectos materiais como de comunicação com o público. Como você vê esse cenário hoje e no futuro?
Puxa, eu fico muito triste com tudo isso que tem acontecido no mercado de revistas. Infelizmente, acho que as grandes editoras não souberam se adaptar à chegada da Internet e ao invés de abraçar, elas se afastaram do digital e agora estão/estamos pagando o preço por isso. Hoje, consumimos conteúdo sem nos prendermos à mídia. Você pode começar a ler um texto numa revista impressa deitado na cama, continuar no tablet enquanto toma café da manhã, passar pro celular enquanto está em trânsito e terminar de ler na tela do seu computador, no trabalho. E olha que ainda tem iWatch, Óculus Rift por aí... Nesse cenário todo, acho que só o bom conteúdo se salvará. E hoje, mais do que nunca, conteúdo é forma e forma é conteúdo. Daí a importância do design. O designer será cada vez mais ativo no processo de criação de conteúdo, independente da mídia. O conteúdo é a mensagem.
Obrigada pela entrevista Rodolfo, foi enriquecedora!
Agora algumas de suas páginas:
E por fim, um vídeo de um bate-papo online sobre Tipografia em Revista com o pessoal do videocast DiaCrítico.
Nenhum comentário:
Postar um comentário